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Recursos Hídricos e a Acção do Homem

A água em circulação no ciclo hidrológico pode ser captada pelo Homem e utilizada com várias finalidades e, como tal, constitui um bem - os recursos hídricos - cujo carácter renovável é consequência de o ciclo hidrológico ser fechado.

A água das calotes polares e a água subterrânea profunda, praticamente não mobilizadas pelo ciclo hidrológico, também podem ser incluídas nos recursos hídricos; a sua captação conduz, porém, à diminuição das reservas que se constituíram durante um período muito longo.

Os recursos hídricos classificam-se em potenciais e disponíveis. Os recursos potenciais correspondem à quantidade máxima de água que teoricamente é possível captar no ciclo hidrológico. Os recursos disponíveis são necessariamente inferiores aos primeiros, pois a água movimenta-se no ciclo hidrológico natural de uma forma que nem sempre permite a sua utilização. Na realidade, por um lado, as quantidades de água que ocorrem num dado sector do ciclo hidrológico natural não se distribuem ao longo do tempo de forma coincidente com a das utilizações.

Para concretizar: toda a água que passa numa dada secção de um rio em regime natural constitui recurso potencial, mas só uma fracção é utilizável em consequência da irregularidade do caudal. Com efeito, o excesso de água nas épocas húmidas implica que uma parte se escoe sem poder ser utilizada. A albufeira criada por uma barragem que se erigisse naquela secção do rio permitiria transferir água de épocas húmidas para épocas secas, dentro de um ano, ou de anos húmidos para anos secos. Por outro lado, há um desajustamento de carácter espacial entre a ocorrência e a utilização da água: as zonas de maiores necessidades não coincidem frequentemente com as que mais ricas são em recursos hídricos.

Ciclo da água com intervenção do Homem

Tem de mencionar-se ainda o desajustamento entre a qualidade natural da água (com elementos em suspensão e substancias dissolvidas) e a que é exigida pelas utilizações. Os recursos hídricos potenciais passam a recursos disponíveis na medida em que o Homem intervém no ciclo hidrológico por meio de obras e instalações que permitam captar água e transferi-la no tempo ou de um local para outro ou ainda melhorar a sua qualidade, por forma a conferir-lhe condições de ser utilizada. Tais obras e instalações consistem, para alem dos sistemas distribuição de água, em captações de água superficial, captações de água subterrânea (por minas, poços e furos), barragens para criar albufeiras, sistemas de transporte de água, (incluindo estações de bombagem), reservatórios de água e estações de tratamento.

Estas obras e instalações são dispendiosas e de projecto e execução demorados, pelo que o planeamento da utilização dos recursos hídricos tem de ser feito a longo prazo.

De entre as várias soluções possíveis para satisfazer as necessidades das utilizações numa dada região, até uma determinada meta no tempo, escolhem-se aquelas que determinam o encargo mínimo por metro cúbico de água disponível. Assim, à medida que progride o grau de utilização da água numa região, isto é, à medida que os recursos disponíveis se vão aproximando do limite dos recursos potenciais, aquele encargo vai crescendo.

Dado que a precipitação anual (e o consequente escoamento anual, superficial ou subterrâneo) é uma grandeza com carácter aleatório, não se pode atribuir garantia absoluta à quantidade de água que um dado sistema proporciona para as utilizações. Com efeito, se um dado sistema fôr dimensionado, do ponto de vista hidrológico, para satisfazer plenamente as utilizações perante a ocorrência de um dado ano seco ou de um conjunto de anos secos, será sempre possível admitir um ano ainda mais seco ou um conjunto de anos mais desfavoráveis em que se verifica insuficiência.

Assim, as disponibilidades de água são avaliadas em termos probabilísticos, ou seja, os seus quantitativos são definidos em associação com o risco de insuficiência admitido. Este risco varia com o tipo de utilização. Assim, é comum admitir-se que o sistema de abastecimento de uma grande cidade seja dimensionado com a previsão de insuficiências da disponibilidade de água num total de cinco anos durante um intervalo de 100 anos, o que se traduz dizendo que o risco de insuficiência de água em cada ano é de 5%.

A fixação do risco e um problema económico: menores riscos diminuem os prejuízos provocados pela insuficiência de água, mas implicam sistemas mais amplamente dimensionados e, portanto,Aproveitamento hidroeléctrico de Bemposta maiores dispêndios. Examinam-se algumas das mais significativas intervenções do Homem no ciclo hidrológico. A criação de lagos artificiais (ou albufeiras) para a regularização do caudal é uma das mais importantes intervenções, sendo frequentemente indispensável para que se possa utilizar a água dos rios de regime irregular, como é o caso da generalidade dos rios portugueses.

Dois outros tipos de intervenção também importantes, mas menos frequentes, são a recarga artificial de aquíferos e a precipitação provocada.

A recarga artificial é a alimentação de aquíferos por água proveniente do escoamento superficial, por infiltração favorecida artificialmente ou por condução directa da água aos aquíferos, através de poços ou furos. Tem em vista aproveitar a capacidade natural que os aquíferos possuem para armazenar água, aumentando, assim, a disponibilidade de água subterrânea.

Em Portugal, a recarga artificial só tem sido efectuada em escala muito pequena. Tem sido muito limitado o sucesso das numerosas experiências realizadas em varias regiões para provocar artificialmente a precipitação, mediante a inseminação de nuvens por algumas substâncias (mais usualmente, o iodeto de prata e a neve carbónica).

Grande conduta de abastecimento de água

Observa-se que qualquer utilização da água constitui uma intervenção no ciclo hidrológico que pode ter consequências muito diferentes.

Assim, uma central hidroeléctrica, sem albufeira de regularização, turbinado a água à medida que esta aflui, não modifica praticamente o regime do rio.

A água captada para abastecimento publico é, depois de utilizada, lançada em grande parte, nas massas de água dos continentes (rios, lagos, aquíferos) ou oceanos. Uma pequena fracção, em geral, da ordem de 30% é enviada para a atmosfera por evaporação.

Um caso em que a água captada é retirada, praticamente na totalidade, à circulação superficial ou subterrânea e é enviada directamente para a atmosfera, por evapotranspiração, é o da rega localizada, em que a água é fornecida junto do pé das plantas. Já nos outros processos de rega, é inevitável que uma fracção da água captada se infiltre para os aquíferos ou se escoe directamente para os cursos de água.

Estação de tratamento de água e saneamento

A intervenção do Homem no ciclo hidrológico não se faz somente em termos da quantidade de água, mas também em termos da sua qualidade. Assim, a água que, depois de utilizada, é lançada nas massas de água naturais apresenta em geral, a menos que receba tratamento prévio, má qualidade, sendo capaz de degradar a própria qualidade dos meios de recepção.

É importante notar que a intervenção no ciclo hidrológico não se limita a tornar a água disponível para ser utilizada, como precedentemente se tem descrito, mas visa também o domínio do excesso de água. Este excesso pode causar níveis freáticos prejudicialmente elevados, submersão, erosão dos solos e efeitos da corrente nos leitos dos cursos de água e nas zonas marginais.

Níveis freáticos que quase atinjam a superfície do terreno podem ocorrer nas zonas baixas, em consequência de dificuldades de drenagem subterrânea dos solos. A submersão pode ser causada pela acumulação do escoamento superficial produzido em zonas próximas, sem que esteja assegurada a drenagem superficial necessária, ou por transbordamento dos leitos dos cursos de água.

A erosão hídrica provoca a perda de solos e a jusante, em zonas de menor velocidade de escoamento, a deposição de sedimentos que podem contribuir para a degradação de solos cultiváveis, subida dos leitos fluviais, obstrução dos sistemas de drenagem artificial, redução da capacidade de armazenamento de albufeiras e assoreamento de estuários e portos.

Ravinas de erosão

O excesso de água nos rios pode provocar erosão dos leitos e inundação dos terrenos marginais, com os consequentes danos em culturas, infra-estruturas, edifícios e equipamentos.

O domínio da erosão hídrica promove-se, em primeiro lugar, pela ocupação adequada do solo. A erosão dos leitos e a inundação dos terrenos marginais combate-se pela correcção torrencial e pela regularização fluvial, a que se pode associar a redução das pontas de cheia por albufeiras.

A diversidade de objectivos para a utilização e o domínio da água, com interesses frequentemente antagónicos, e a complexidade das obras e medidas necessárias para os atingir obrigam a um planeamento e gestão da água em termos globais e racionais.

O SNIRH-JÚNIOR é um site integrado no Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos

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