Água Subterrânea

São aquíferos as formações que contêm água e que a podem ceder em quantidades economicamente aproveitáveis.

• Aquífero livre (ou freático) - Aquífero que é limitado inferiormente por uma camada impermeável ou semipermeável que serve de base a uma zona superior, permeável, saturada em água que está à pressão atmosférica.
• Aquífero semiconfinado – Aquífero cujo topo e/ou a base é constituída por um material não totalmente impermeável, permitindo uma circulação vertical de água, muito lenta, que possibilita a sua alimentação.
• Aquífero confinado – Aquífero que é limitado, no topo e na base, por formações impermeáveis. Toda a espessura do aquífero está saturada de água e a pressão no seu interior é superior à pressão atmosférica.

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Em função dos tipos litológicos que constituem o suporte dos aquíferos, dizem-se:

• Aquíferos Porosos - Os aquíferos onde a água circula através dos espaços vazios (poros) entre os grãos que compõem as rochas (ex. rochas detríticas).
  
• Aquíferos Fracturados – Os aquíferos onde a água circula ao longo de fendas, fracturas, falhas ou outras descontinuidades, em rochas ígneas e metamórficas.
  
• Aquíferos Cársicos – Os aquíferos onde a água circula em cavidades originadas por dissolução de calcários e dolomitos (e mais raramente de gesso e sal gema). A dissolução acontece por infiltração das águas pluviais ao longo de fendas ou outras aberturas, onde circulam, alargando-as constantemente, o que contribui para o aumento da circulação subterrânea e para a contínua intensificação deste processo.

São sistemas aquíferos os domínios espaciais, limitados em superfície e em profundidade, nos quais existe um ou vários aquíferos, relacionados ou não entre si, mas que constituem uma unidade prática para a investigação ou exploração (Navarro et al., 1993).

Em Portugal existem 58 sistemas aquíferos distribuídos pelas quatro grandes unidades hidrogeológicas existentes no nosso País. São elas o maciço antigo, as orlas mesocenozóicas ocidental e meridional e a bacia do Tejo-Sado. Os terrenos destas unidades distinguem-se não só pela sua natureza geológica e estrutura, como também pela sua idade.

- O maciço antigo corresponde ao conjunto de terrenos antigos (precâmbricos e paleozóicos, ou seja, com mais de 500 milhões de anos) envolvidos na cadeia hercínica e, posteriormente, arrasados pela erosão. Predominam as rochas ígneas e metamórficas que abrangem a grande maioria do território nacional. Nesta unidade hidrogeológica existem dez sistemas aquíferos.

e - As orlas mesocenozóicas correspondem ao conjunto de terrenos acumulados a partir do início do Mesozóico (há 250 milhões de anos atrás) aquando da fragmentação da Pangea (nome dado ao supercontinente formado pela união de todos os que existem hoje e cuja fragmentação e deriva deu origem ao actual aspecto da Terra). Predominam formações detríticas e carbonatadas. Na Orla Ocidental existem 27 sistemas aquíferos e na Meridional existem 17.

- A bacia do Tejo – Sado corresponde a sedimentos que se depositaram sobre zonas deprimidas dos terrenos antigos, a partir do Cenozóico (há cerca de 65 milhões de anos atrás). Predominam as formações detríticas. Nesta unidade hidrogeológica existem quatro sistemas aquíferos.

A circulação da água através das rochas (condicionada sobretudo pelo clima, pela porosidade e grau de fracturação das rochas e pela topografia) conduz à alteração química dos minerais que a compõem e à consequente dissolução de quantidades variáveis de certos iões (aniões e catiões), que passam a fazer parte da sua composição.

Assim, a qualidade da água subterrânea resulta da interacção água/rocha, podendo apresentar uma certa degradação resultante de actividades humanas como as más práticas agrícolas, o excesso de exploração (que pode originar episódios de intrusão marinha), actividades industriais que não cumpram requisitos ambientais, nomeadamente no que diz respeito aos valores limite de emissão (VLE), descargas não controladas de resíduos, etc...

A fácies hidroquímica revela os iões predominantes na composição da água e depende, fundamentalmente, da composição das rochas por onde circula. O “nome” da fácies é sempre constituído primeiro pelo nome do anião predominante seguido do nome do catião predominante (bicarbonatada cálcica, cloretada sódica, ...).

Os diagramas de Stiff constituem uma das formas de representação gráfica da composição hidroquímica de uma água subterrânea. Consiste em projectar a concentração de alguns catiões (sódio+potássio, magnésio e cálcio) do lado esquerdo das três rectas que o compõem e a concentração de alguns aniões (cloreto, sulfato e bicarbonato) do lado direito das mesmas rectas. Desta projecção resultam os “picos” que apontam os iões presentes em maior quantidade.

Exemplificando:

• As águas que circulam em granitos serão, essencialmente, de fácies bicarbonatada sódica;
  
• As águas que circulam em rochas carbonatadas serão essencialmente, de fácies bicarbonatada cálcica (calcários)
  
  a bicarbonatada calco-magnesiana (dolomitos);

Na figura que se segue está uma forma esquemática de representação das fácies hidroquímicas predominantes nas formações carbonatadas dos sistemas aquíferos Estremoz-Cano e Elvas-Vila Boim – bicarbonatada cálcica a calco-magnesiana.

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